- Ano: 2014
-
Fotografias:Office archive
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto OVO foi uma encomenda de um cliente pleno de inquietude - OJ.
Inicialmente OJ adquiriu uma escultura, designada por ‘Semente’, do artista contemporâneo português Rui Chafes. A peça construída em ferro encontra o seu desígnio superior na universalidade da mente de OJ que procura valores como a origem, a pureza e o mistério universal.
Num segundo momento OJ lançou-nos o desafio de conceber e construir um espaço para receber e expor ‘Semente’, promovendo assim uma ampla reflexão entre Arte e Arquitetura. O espaço proposto está situado na cave da sua casa em Fideris, nos Alpes Suiços.
O ‘Ovo de Troia’ foi a primeira etapa do projeto. O objetivo deste ovo de madeira foi o de criar um vazio, revelando uma nova dimensão e através dela potenciar mistério. O mistério é uma condição que está muito perto de desaparecer da nossa civilização. Este valor é para nós uma das principais razões de vida e o ovo é a dimensão que escolhemos para expressá-la.
Enquanto arquitetos, desde o início, quisemos conceber um espaço que estivesse em total consonância com a escultura de Rui Chafes. A ‘Semente’ trouxe-nos de imediato temas relacionados com a pureza e a origem da nossa existência e nesse sentido a nossa proposta foi a de construir um casulo, evitando as habituais arestas.
O projeto procura estabelecer uma relação direta entre três componentes: a escultura, o vazio e o observador.
Peso e espessura foram aspetos fundamentais para esta construção. Este espaço foi construído quase na totalidade em betão branco, que foi despejado de uma só vez, desde o piso de cima, entre as paredes milenares de alvenaria em pedra e o molde em madeira.
A iluminação, indireta e misteriosa, surge através do pavimento onde um plano de mármore extremamente fino permite evidenciar a sua natureza translúcida, omitindo a origem. A intensidade e a cor da luz podem ser alteradas permitindo que a perceção, do espaço e da escultura, se altere em tempo real. A experiência será sempre única, irrepetível e pessoal.
A ‘Semente’ permanece suspensa no vazio.